segunda-feira, 19 de março de 2012

Ensaio sobre saudade.

Parece que você está só, algo te falta e fica latente gritando por algo que ocupe o vazio e desesperadamente você corre em busca de vestígios para refazer suas lembranças. Aquela súbita vontade de virar lixo cósmico, pó estelar - se desfazer - se esconder para sempre onde ninguém mais possa te encontrar. Ir à um lugar onde o mundo não possa gritar as obrigações ao pé do teu ouvido, onde os sentimentos dos outros não irão atormentar os teus e te atrair.
Me sinto assim, mereço um lugar só meu, eu mereço ser feliz de verdade ao menos uma vez, está na hora de receber meu prêmio, mas onde ele está? Tantos anos esperando a minha recompensa, o pagamento e ele nunca vem. Espero eternamente na fila dos desesperados e qualquer indício de luz, eu volto a me animar como uma criança que deseja diversão, até alguém me destruir novamente.
Na realidade, fui mal acostumada. Mal acostumada por você e pelos outros, por esta mania insignificante que transborda dentro de mim de achar que eu estou esperando por algo que nunca virá, pela esperança que todos insistem em alimentar enquanto eu a sufoco. 
Foi amor, foi amor demais a todas as coisas, foi colocar muito amor em tudo que fiz e esperar que todas estas coisas me amassem de volta, que grande fantasia da minha alma pedinte por um pouco de atenção. As coisas nunca me reconheceriam, elas são carentes de toda minha empatia.
Então me isolo, procuro abrigo em mim pro abismo que eu criei. Tento me salvar de mim, fingir que esqueci o que faço questão de relembrar a cada mísero segundo e quando observo que não há mais solução, me desfaço aos pouquinhos como pétalas no outono, vou espalhando de pedacinho em pedacinho como grãos de areia levados pelo vento, vou me afastando de tudo que me corrói. Deixo amigos, lugares, lembranças. Porém é tudo em vão, afasto-me fisicamente, mas deixo meus olhos para tomarem conta de todos.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

E se?

De todas minhas perdas, você incomparavelmente foi a maior. De todos meus delírios, você foi o mais insano. De todos meus amores, você foi o empate. Talvez por isso que te procuro em restos de textos, músicas antigas, fotos e memórias. Eu sei que você sempre estará lá no fundo com um sorriso brilhante, esperando por meu abraço, esperando para reconectar nossas vidas, um labirinto infindável. 
Mas por quê? Por que teus vestígios ainda incomodam os meus? Há tantas lembranças espalhadas pelo chão, porém as suas sempre me prendem, me atraem, como um ímã. Poderia passar horas revivendo nossos anos, recolhendo cada detalhe e fazendo um mapa de nossas vidas, tentando revelar para mim onde nós despedaçamos. 
Tudo é cercado por um "se". E se...? E se nós tivéssemos existido? E se tudo acontecesse assim como pretendíamos? E se não houvessem mentiras? Se o tempo parasse? Três anos fluíram, escorreram como areia em minhas mãos. E se eu pudesse retornar no tempo? E se...? Eu sei que é impossível.
O que me atrai em todos nossos embaraços são os meios sem fins o que quase fomos e não conseguimos. O interrompido, negado. Eu nunca vou saber o que havia atrás da porta, da máscara, da voz. Restaram apenas destroços do nosso enigma que estará sempre enterrado em meu coração, preenchido de quases, de tentativas e falhas. 

"I know someday you'll have a beautiful life..."
Black - Pearl Jam

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Correndo pela brisa da cidade.


Abri minha bolsa e retirei um, coloquei-o entre meus lábios e em um flash de luz a fumaça misturou-se com o ar. Fiquei parada ali te observando ir embora com todas as suas verdades atrás dos olhos, apelos na língua e mãos dormentes. Todas as suas palavras eram tragadas por mim, eu pude sentir a sua respiração correr meu pulmão e depois caminhar na brisa diurna. Talvez eu devesse esperar mais uns cinco minutos, caso você voltasse e revirasse seus olhares em busca de decência nos meus, mas não sobrou nada, uma gota mínima de limpidez.
Eu sabia que você não voltaria e alucinadamente eu me perdia entre os espaços do tempo sentada na cadeira daquele café, cada tragada manchava o vermelho da minha vida, agora tudo era negro e sublime, negro e solitário assim como os seus inalcançáveis tormentos. Era manhã, o sol aquecia, mas nada queimava, tudo apenas cristalizava e enfeitava o meu céu particular.
Subitamente decidi levantar e deixar as lembranças ali sentadas para o nosso próximo encontro com hora, lugar e traições marcadas não apenas no relógio, mas em nossos rumos. Então caminhei pela rua observando o colorido dos carros que passavam a procura de um destino, cheios de corpos de almas vazias, com suas histórias rasuradas atrás de seus vidros fechados a procura de proteção, a procura de amparo e de independência para viverem seus próprios sentimentos sem precisar esconder-se na sobras das sombras de outros corpos tão perversos. Outro flash de luz diante dos meus olhos, a fumaça de espalha pela avenida levando embora metade de meus anseios e desculpas. Passos lentos e coordenados me levavam a lugar algum, eu não tinha itinerário, não haviam pontos nem embates, apenas eu tragando meus reconhecimentos e lançando nos ares enfeitiçados do centro da cidade.
Meu sofá não era precisamente o melhor retiro no momento, eu precisava aliviar-me em outros espaços, deleitar-me em outras camas e aspirar recriações. Procurei incessavelmente pela pequena agenda no minúsculo espaço da minha bolsa, passei meus dedos pelos nomes e números, por que estavam tão distantes agora? Não pude sentir suas existências tocarem a minha, vaguei meus dedos nervosos por todas as páginas até encontrar teu nome, minha perturbação, minha pulsação, insaciedade, ódio e metade. Não pude, não podia lhe telefonar, era injusto, indigno, uma voz vazia do outro lado da linha me consumiria. Decidi por fechar a agenda e colocá-la na bolsa novamente.
Mais uma vez mesclei meus sentimentos com os da cidade, um flash de milissegundos acendia minhas inspirações. Continuei caminhado sem observar meu redor, continuei deixando tudo para trás e redescobrindo as esquinas. Termino sem rumo, sem paz nem acalanto para repousar minhas mágoas, termino com um cigarro entre os lábios manchado de batom vermelho, tentando fazer parte de um mundo onde o único espaço que me coube foi misturar meus sentimentos com o ar, levando um pouco de mim para as vidas, correndo pela brisa da cidade, levando tão longe até chegar em você. Então meu telefone tocará novamente e recomeçará toda minha jornada achada por estas mesas,  tão conhecidas e inventadas por nós.

Filme: Quase Famosos



Quase famosos ou Almost Famous é um filme estadunidense exibido em 2000. O filme retrata a cena musical dos anos 70, contando a história da primeira turnê da banda fictícia Stillwater que está sendo acompanhada por um jornalista amador, o William Miller recém contratado da Rolling Stone. O filme, escrito por Cameron Crowe conta suas próprias experiências quando jovem enquanto acompanhava uma turnê do Led Zeppelin e no elenco contamos com a Kate Hudson (Noivas em Guerra) a lindíssima Zooey Deschanel (500 dias com ela), Patrick Fugit (Galera do Mal) e Billy Crudup (Watchmen).
O filme valoriza a cena rock n' roll contando com citações, posters e referências a vários ícones do estilo. Com uma trilha sonora impecável, o filme conta com canções do Led Zeppelin, The Who e Elton John. Para aqueles que gostam de cinema e rock n' roll, fica a dica! 

domingo, 15 de janeiro de 2012

A Alegria na Tristeza.

‎"Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir. Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora. Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento. Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida. Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada."


Uma crônica da Martha Medeiros.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Os artistas mais ouvidos de 2011.

Gente, o site da Last.fm divulgou os 100 artistas mais ouvidos de 2011 em seu site. A extensa lista conta com os mais diversificados estilos musicais, como Indie Rock, Pop e Hip-Hop. Achei bem interessante a iniciativa, pois o site conhecido por hospedar músicas de diversos artistas. Podemos observar veteranos como Roxette e até bandas pouco conhecidas, porém, com ótima qualidade musical como o The Pains Of Being Pure at Heart. A novidade não para por aí! Também há a lista das maiores revelações do ano e do número de scrobbles (execuções) de cada artista de acordo com os eventos relacionando seus nomes. Para todos aqueles interessados em música, vai uma dica: Vale a pena conferir!

Clique aqui.